
Todos esperamos pelo verão. Sonhamos com dias longos, pôr-do-sol na praia, algum silêncio. Às vezes, colocamos nas férias a esperança de que tudo se reorganize — o corpo, a mente, a vida. Mas o descanso, por si só, não apaga o cansaço acumulado nem resolve os nós que trazemos connosco.
As férias não são uma cura instantânea
É fácil acreditar que um simples intervalo basta para restaurar o equilíbrio. Mas a verdade é que o esgotamento emocional, a ansiedade ou a sensação de vazio não desaparecem só porque o calendário diz que é verão.
Pelo contrário: é comum que, ao pararmos, surjam sensações que estavam abafadas pelo ritmo acelerado. E quando isso acontece, podemos sentir culpa, frustração ou até uma estranha tristeza — no exato momento em que deveríamos estar a aproveitar.
Descanso não é só dormir ou parar
Descanso verdadeiro é também emocional. É poder sentir sem se julgar. É ter espaço para respirar por dentro.
Às vezes, esse tipo de descanso requer:
- Estar consigo próprio, sem agenda;
- Dizer não a convites que não apetecem;
- Desligar por um tempo das redes sociais;
- Escrever, caminhar, ficar em silêncio.
Descansar não é fazer nada. É fazer o que alinha, o que recentra, o que nutre.
Cuidar não tem época
Se estás em processo terapêutico, lembra-te: cuidar da saúde mental é um caminho contínuo. Mesmo que faças uma pausa nas sessões, podes manter contigo pequenas rotinas de presença e escuta interna.
E se ainda não começaste, talvez este tempo mais livre seja uma boa altura para olhar para dentro, com curiosidade e sem medo.
O verão pode ser o início de um novo ciclo — mas não precisa de começar com pressa.
Permite-te abrandar. Sem exigências. Sem expectativas mágicas. Só com verdade.